APRENDENDO
A LER PROBLEMAS
As
dificuldades que os alunos encontram em ler e compreender textos de problemas está
entre outros fatores, ligada à ausência de um trabalho específico com o texto
do problema. O estilo no qual os problemas de matemática geralmente são
escritos, a falta de compreensão de um conceito envolvido no problema, o uso de
termos específicos da matemática que, portanto, não fazem parte do cotidiano do
aluno e até mesmo palavras que têm significados diferentes na matemática e fora
dela ─ total, diferença, ímpar, média, volume, produto ─ podem constituir-se em
obstáculos para que ocorra a compreensão.
Para
que tais dificuldades sejam superadas, e para que não surjam dificuldades, é
preciso alguns cuidados desde o início da escolarização, ou seja, desde o
período de alfabetização. Cuidados com a leitura que o professor faz de
problemas, cuidados em propor tarefas específicas de interpretação do texto de
problemas, enfim, um projeto de intervenções didáticas destinadas
exclusivamente a levar os alunos a lerem problemas de matemática com autonomia
e compreensão.
Quando
os alunos ainda não são leitores, o professor pode ler todo o problema para
eles e, posteriormente, quando passam a ler o texto, pode auxiliá-los nessa
leitura, garantindo que todos compreendam o problema, cuidando para não
enfatizar palavras-chave nem usar qualquer recurso que os impeça de buscar a
solução por si mesmos. Todavia, há outros recursos dos quais podemos nos valer
para explorar alfabetização e matemática enquanto trabalhamos com problemas e
para auxiliar os alunos que, mesmo alfabetizados, apresentam dificuldades na
interpretação dos textos de problemas.
Um
desses recursos é escrever uma cópia do problema no quadro, ou projetar em uma
tela, e fazer com os alunos uma leitura cuidadosa. Primeiro, do problema todo,
para que eles tenham uma idéia geral da situação, depois mais vagarosamente,
para que percebam as palavras do texto, sua grafia e seu significado.
Outra
possibilidade é propor o problema escrito e fazer questionamentos orais com a
classe, como é comum que se faça durante a discussão de um texto, o que auxilia
o trabalho inicial com problemas escritos:
- Quem pode me contar o problema novamente?
- Há alguma palavra nova ou desconhecida?
- Do que trata o problema?
- Qual é a pergunta?
Novamente,
o cuidado nessa estratégia é para não resolver o problema pelos alunos durante
a discussão, e também não tornar esse recurso uma regra ou um conjunto de
passos obrigatórios que representem um roteiro de resolução. Se providenciar
para cada aluno uma folha com o problema escrito, o professor pode ainda:
o
Pedir aos alunos
que encontrem e circulem determinadas palavras.
o
Escolher uma
palavra do problema e pedir aos alunos que encontrem no texto outras que
comecem, ou terminem, com o mesmo som ou com a mesma letra, escrevendo as
palavras em uma lista.
o
Escrever no
quadro o texto do problema sem algumas palavras, pedir para os alunos olharem
seus textos em duplas para descobrir as palavras que faltam e completar os
textos. Conforme as palavras são descobertas, os alunos são convidados a ir ao
quadro e completar os espaços com tais palavras.
Em
todos esses casos, o professor pode escolher trabalhar com palavras e frases que
sejam significativas para os alunos, ou que precisem ser discutidas com a
classe, inclusive aquelas que se relacionam com noções matemáticas. Os
problemas são resolvidos após toda a discussão sobre o texto, que a essa altura
já terá sido interpretado e compreendido pela classe, uma vez que as atividades
que sugerimos aqui contemplam leitura, escrita e interpretação simultaneamente.
PROBLEMAS
EM TIRAS
Nessa
estratégia de leitura, os alunos, em duplas e depois individualmente, recebem
um problema escrito em tiras, como se fosse um quebra-cabeças que deve ser
montado na ordem correta antes de ser resolvido:
Essa
proposta auxilia os alunos a perceberem como se articula o texto do problema e
como é construído, enfatizando a coerência textual e a articulação da pergunta
com o restante do texto. É possível modificar essa proposta para levar os
alunos a refletirem sobre o papel dos dados numéricos no texto do problema.
Para tanto, podemos apresentar o problema em tiras com os dados em separado
para que, após organizarem as frases, os alunos coloquem os dados nas frases e
resolvam o problema:
Os números do problema são: 14, 57 e 630.
Nenhum comentário:
Postar um comentário