Por
que devemos fazer o diagnóstico inicial das hipóteses de escrita dos alunos? Além
de objetivos práticos como a organização de parcerias produtivas de trabalho e
o acompanhamento da evolução dos alunos, a realização da sondagem pressupõe um
respeito intelectual do professor em relação ao conhecimento do aluno.
Significa assumir que os alunos pensam sobre a língua escrita - formulando
hipóteses sobre o seu funcionamento - e que é primordial para o
desenvolvimento de um bom trabalho conhecer detalhadamente o que eles pensam
sobre o sistema alfabético.
É por isso que nos primeiros dias de aula, o professor alfabetizador tem uma
tarefa imprescindível: descobrir o que cada aluno sabe sobre o sistema de
escrita. É a chamada sondagem inicial (ou diagnóstico da turma), que permite
identificar quais hipóteses sobre a língua escrita as crianças têm e com isso
adequar o planejamento das aulas de acordo com as necessidades de aprendizagem.
Atividade
deve ser feita individualmente. Chame um aluno por vez e explique que ele deve
tentar escrever algumas palavras e uma frase que você vai ditar. Escolha
palavras do mesmo campo semântico, como por exemplo: lista das comidas de uma
festa de aniversário, frutas, animais etc.
O ditado deve ser iniciado por uma palavra polissílaba, seguida de uma
trissílaba, de uma dissílaba e, por último, de uma monossílaba. Ao ditar, NÃO
marque a separação das sílabas, pronunciando normalmente as palavras. Após a
lista, é preciso ditar uma frase que envolva pelo menos uma das palavras já
mencionadas, para poder observar se o aluno volta a escrevê-la de forma
semelhante, ou seja, se a escrita da palavra permanece estável mesmo num
contexto diferente.
A
escolha das palavras do ditado deve ser muito cuidadosa. Evite palavras que
tenham vogais repetidas em sílabas próximas, como ABACAXI, por exemplo, por
causar um grande conflito para as crianças que estão entrando no Ensino
Fundamental, cuja hipótese de escrita talvez faça com que creiam ser impossível
escrever algo com duas ou mais letras iguais. Por exemplo: um aluno com
hipótese silábica com valor sonoro convencional, que utiliza vogais, precisaria
escrever AAAI. Os monossílabos ficam para o fim do ditado. Esse cuidado deve
ser tomado porque, no caso de as crianças escreverem segundo a hipótese do
número mínimo de letras, poderão se recusar a escrever se tiverem de começar
por ele.
Confira
3 sugestões de grupos de palavras e frases para o ditado:
SUGESTÃO 1
CENTOPÉIA
JOANINHA
FORMIGA
MINHOCA
ABELHA
LESMA
GRILO
RÃ
FRASE: A
FORMIGA MORA NO JARDIM.
SUGESTÃO 2
MUSSARELA
ESCAROLA
TOMATE
PALMITO
PRESUNTO
ALHO
ATUM
FRASE:
COMEMOS PIZZA DE MUSSARELA COM TOMATE.
SUGESTÃO 3
REFRIGERANTE
MORTADELA
PRESUNTO
MANTEIGA
QUEIJO
SUCO
PÃO
FRASE: NO
LANCHE DE HOJE TEREMOS PÃO COM MORTADELA.
HIPÓTESES DE ESCRITA MAIS COMUNS:
Pré-silábica, sem variações quantitativas ou qualitativas
dentro da palavra e entre as palavras. O aluno diferencia desenhos (que não
podem ser lidos) de "escritos" (que podem ser lidos), mesmo que sejam
compostos por grafismos, símbolos ou letras. A leitura que realiza do escrito é
sempre global, com o dedo deslizando por todo o registro escrito.
Pré-silábica com exigência mínima de letras ou símbolos, com
variação de caracteres dentro da palavra, mas não entre as palavras. A leitura
do escrito é sempre global, com o dedo deslizando por todo o registro escrito.
Pré-silábica com exigência mínima de letras ou símbolos, com
variação de caracteres dentro da palavra e entre as palavras (variação
qualitativa intrafigural e interfigural). Neste nível, o aluno considera que
coisas diferentes devem ser escritas de forma diferente. A leitura do escrito
continua global, com o dedo deslizando por todo o registro escrito.
Silábica com letras não pertinentes ou sem valor sonoro
convencional. Cada letra ou símbolo corresponde a uma sílaba falada, mas o que
se escreve ainda não tem correspondência com o som convencional daquela sílaba.
A leitura é silabada.
Silábica com vogais pertinentes ou com valor sonoro convencional de
vogais. Cada letra corresponde a uma sílaba falada e o que se escreve tem
correspondência com o som convencional daquela sílaba, representada pela vogal.
A leitura é silabada.
Silábica com consoantes pertinentes ou com valor sonoro
convencional de consoantes. Cada letra corresponde a uma sílaba falada e o que
se escreve tem correspondência com o som convencional daquela sílaba, representada
pela consoante. A leitura é silabada.
Silábica com vogais e consoantes pertinentes. Cada letra corresponde a
uma sílaba falada e o que se escreve tem correspondência com o som convencional
daquela sílaba, representada ora pela vogal, ora pela consoante. A leitura é
silabada.
Silábico-alfabética. Este nível marca a transição do aluno da hipótese
silábica para a hipótese alfabética. Ora ela escreve atribuindo a cada sílaba
uma letra, ora representando as unidades sonoras menores, os fonemas.
Alfabética inicial. Neste estágio, o aluno já compreendeu o sistema de
escrita, entendendo que cada um dos caracteres da palavra corresponde a um
valor sonoro menor do que a sílaba. Agora, falta-lhe dominar as convenções
ortográficas.
Alfabética. Neste estágio, o aluno já compreendeu o sistema de escrita,
entendendo que cada um dos caracteres da palavra corresponde a um valor sonoro
menor do que a sílaba e também domina as convenções ortográficas.
Créditos Nova Escola
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