sábado, 17 de janeiro de 2015

MODELO DE DITADO AVALIATIVO OU SONDAGEM

Por que devemos fazer o diagnóstico inicial das hipóteses de escrita dos alunos? Além de objetivos práticos como a organização de parcerias produtivas de trabalho e o acompanhamento da evolução dos alunos, a realização da sondagem pressupõe um respeito intelectual do professor em relação ao conhecimento do aluno. Significa assumir que os alunos pensam sobre a língua escrita - formulando hipóteses sobre o seu funcionamento - e que é primordial para o desenvolvimento de um bom trabalho conhecer detalhadamente o que eles pensam sobre o sistema alfabético.

É por isso que nos primeiros dias de aula, o professor alfabetizador tem uma tarefa imprescindível: descobrir o que cada aluno sabe sobre o sistema de escrita. É a chamada sondagem inicial (ou diagnóstico da turma), que permite identificar quais hipóteses sobre a língua escrita as crianças têm e com isso adequar o planejamento das aulas de acordo com as necessidades de aprendizagem.

 Atividade deve ser feita individualmente. Chame um aluno por vez e explique que ele deve tentar escrever algumas palavras e uma frase que você vai ditar. Escolha palavras do mesmo campo semântico, como por exemplo: lista das comidas de uma festa de aniversário, frutas, animais etc.
O ditado deve ser iniciado por uma palavra polissílaba, seguida de uma trissílaba, de uma dissílaba e, por último, de uma monossílaba. Ao ditar, NÃO marque a separação das sílabas, pronunciando normalmente as palavras. Após a lista, é preciso ditar uma frase que envolva pelo menos uma das palavras já mencionadas, para poder observar se o aluno volta a escrevê-la de forma semelhante, ou seja, se a escrita da palavra permanece estável mesmo num contexto diferente.

 A escolha das palavras do ditado deve ser muito cuidadosa. Evite palavras que tenham vogais repetidas em sílabas próximas, como ABACAXI, por exemplo, por causar um grande conflito para as crianças que estão entrando no Ensino Fundamental, cuja hipótese de escrita talvez faça com que creiam ser impossível escrever algo com duas ou mais letras iguais. Por exemplo: um aluno com hipótese silábica com valor sonoro convencional, que utiliza vogais, precisaria escrever AAAI. Os monossílabos ficam para o fim do ditado. Esse cuidado deve ser tomado porque, no caso de as crianças escreverem segundo a hipótese do número mínimo de letras, poderão se recusar a escrever se tiverem de começar por ele. 
Confira 3 sugestões de grupos de palavras e frases para o ditado: 

SUGESTÃO 1


CENTOPÉIA
JOANINHA
FORMIGA
MINHOCA
ABELHA
LESMA
GRILO

FRASE: A FORMIGA MORA NO JARDIM.

SUGESTÃO 2


MUSSARELA
ESCAROLA
TOMATE
PALMITO
PRESUNTO
ALHO
ATUM 

FRASE: COMEMOS PIZZA DE MUSSARELA COM TOMATE.

SUGESTÃO 3


REFRIGERANTE
MORTADELA
PRESUNTO
MANTEIGA
QUEIJO
SUCO
PÃO 
FRASE: NO LANCHE DE HOJE TEREMOS PÃO COM MORTADELA.


HIPÓTESES DE ESCRITA MAIS COMUNS:

Pré-silábica, sem variações quantitativas ou qualitativas dentro da palavra e entre as palavras. O aluno diferencia desenhos (que não podem ser lidos) de "escritos" (que podem ser lidos), mesmo que sejam compostos por grafismos, símbolos ou letras. A leitura que realiza do escrito é sempre global, com o dedo deslizando por todo o registro escrito.
Pré-silábica com exigência mínima de letras ou símbolos, com variação de caracteres dentro da palavra, mas não entre as palavras. A leitura do escrito é sempre global, com o dedo deslizando por todo o registro escrito.
Pré-silábica com exigência mínima de letras ou símbolos, com variação de caracteres dentro da palavra e entre as palavras (variação qualitativa intrafigural e interfigural). Neste nível, o aluno considera que coisas diferentes devem ser escritas de forma diferente. A leitura do escrito continua global, com o dedo deslizando por todo o registro escrito.
Silábica com letras não pertinentes ou sem valor sonoro convencional. Cada letra ou símbolo corresponde a uma sílaba falada, mas o que se escreve ainda não tem correspondência com o som convencional daquela sílaba. A leitura é silabada.
Silábica com vogais pertinentes ou com valor sonoro convencional de vogais. Cada letra corresponde a uma sílaba falada e o que se escreve tem correspondência com o som convencional daquela sílaba, representada pela vogal. A leitura é silabada.
Silábica com consoantes pertinentes ou com valor sonoro convencional de consoantes. Cada letra corresponde a uma sílaba falada e o que se escreve tem correspondência com o som convencional daquela sílaba, representada pela consoante. A leitura é silabada.
Silábica com vogais e consoantes pertinentes. Cada letra corresponde a uma sílaba falada e o que se escreve tem correspondência com o som convencional daquela sílaba, representada ora pela vogal, ora pela consoante. A leitura é silabada.
Silábico-alfabética. Este nível marca a transição do aluno da hipótese silábica para a hipótese alfabética. Ora ela escreve atribuindo a cada sílaba uma letra, ora representando as unidades sonoras menores, os fonemas.
Alfabética inicial. Neste estágio, o aluno já compreendeu o sistema de escrita, entendendo que cada um dos caracteres da palavra corresponde a um valor sonoro menor do que a sílaba. Agora, falta-lhe dominar as convenções ortográficas.
Alfabética. Neste estágio, o aluno já compreendeu o sistema de escrita, entendendo que cada um dos caracteres da palavra corresponde a um valor sonoro menor do que a sílaba e também domina as convenções ortográficas.

Créditos Nova Escola